
Para Paulo Breinis, neuropediatra do Hospital Infantil Sabará (SP), a ciência ainda não sabe com precisão de que forma o fato de ser bilíngüe atua no aprendizado da linguagem, mas é sabido que uma criança que aprende dois idiomas desde cedo tem uma capacidade maior para aprender línguas no geral, além de guardar para o resto da vida os ensinamentos. Segundo Patricia Kuhl, coautora do estudo "o cérebro bilíngue é fascinante, já que reflete as capacidades dos seres humanos para o pensamento flexível. As crianças bilíngues aprendem que os objetos e eventos no mundo têm dois nomes”.
Outro ponto interessante, salienta Breinis, é que uma criança que sabe duas línguas, mesmo que passe por um período sem contato com o segundo idioma, voltará rapidamente a falar se estimulada. “A criança guarda esse aprendizado na memória de armazenamento, que é onde ficam os saberes antigos. E a qualquer momento ela pode acessar esse conhecimento”, explica o neuropediatra.
Já com relação à alfabetização bilíngue, é preciso um pouco de ponderação. “Nem sempre funciona para todas crianças da mesma maneira”, diz Antonio Carlos de Farias, neurologista infantil do Hospital Pequeno Príncipe (PR). Segundo o especialista, a exposição precoce de bebês à língua falada só traz benefícios, como atestou a pesquisa norte-americana, porém a linguagem simbólica (leitura e escrita) requer mais cuidado. “Ser alfabetizado em mais de uma língua ao mesmo tempo requer uma maturidade cerebral que algumas crianças não têm – o que gera uma dificuldade de aprendizado, em temas como ortografia e interpretação.”
Por isso, incentivar desde cedo o domínio de uma outra língua, por meio da oralidade, é até válido, mas é preciso atenção na hora de matricular o seu filho em escolas bilíngues.
Por Heloiza Camargo para Revista Crescer.
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