Para Júlia.

Ontem quando cheguei em casa, filha, você ainda estava acordada. São raros os dias que chego do trabalho e te vejo tão acordada, com carinha de anjo, esperando meu afago. Ontem foi um desses dias. Quando entrei, você puxou minha mão, como se quisesse me mostrar alguma coisa interessante, ou descoberta nova. Fomos para o quarto, onde a Xuxa cantava e dançava na televisão pra te fazer feliz. Não era nada de novo, nenhuma descoberta sua, era apenas que eu ficasse com você assistindo a loura cantar. É uma mania sua segurar minha mão enquanto você assiste seus filminhos, e eu fico no computador, é uma forma de nós estarmos juntas, grudadas. Em seguida, te levei pro banho. Sabe Júlia, te acho uma criança muito incrível. Já entende o banho, não chora e acha o máximo segurar minhas pernas e se molhar no chuveiro. Lelê pronto, e lá fomos nós duas deitar na cama. O motivo desse post, é exatamente esse. Ontem, eu passei o dia com uma canção na cabeça. De uma brasileira chamada Rita Lee. Você já é uma grande amante de música, filha, assim como eu. Seu ouvido é afiado, e até parece que você já descobriu que ouvido e nariz foram feitos para sentir, e não para pensar. Ontem inovei nosso repertório musical. Ao invés de Beatles, Rita Lee embalou teu sono. Doce Vampiro, eu cantava pra você, e você sorria com os olhos. Na música, a ruiva diz: "até me matar, de amor".

É exatamente isso, filha. A relação da humana com o vampiro imortal, a minha e a sua. Ela implora que ele a mate, de amor. E por você eu morro, de amor.

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...