Dormir a noite é melhor para as crianças.

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Até que ponto o sono do seu filho pode afetar o desenvolvimento dele? Uma pesquisa norte-americana mostrou que os bebês que dormem predominantemente durante a noite têm mais benefícios cognitivos do que aqueles que tiram sonecas durante o dia. Eles conseguem ter maior controle sobre seus impulsos, têm mais flexibilidade mental e trabalham melhor com a memória.

Pesquisadores da Universidade de Minnesota e da Universidade de Montreal analisaram a rotina de sono de 60 crianças entre 12 e 26 meses e, a partir de um diário feito pelas mães, mediram o total de horas de sono de cada criança, a porcentagem noturna destas horas (quantas eram dormidas entre 19h e 7h) e a fragmentação do sono (quantas vezes a criança acordava durante a noite).

Os testes aplicados nos bebês mostraram que quanto maior a proporção de horas dormidas à noite entre 12 e 18 meses, melhor o resultado em testes cognitivos feitos aos 26 meses, o que comprova a importância do sono nos primeiros anos de vida da criança e no processo de aprendizagem e desenvolvimento das habilidades sociais, motoras e psíquicas ao longo da vida.

"A criança que dorme bem à noite e tem um padrão de sono bem constituído tem menos problemas para acompanhar a turma na escola, se sociabiliza com mais facilidade e até consegue definir melhor o que quer e o que não quer", afirma Marcia Pradella, neuropediatra e coordenadora de pediatria do Instituto do Sono da Unifesp. Uma rotina de sono insuficiente, por outro lado, pode trazer dificuldades no controle do esfíncter, na coordenação motora e até no comportamento, já que a criança fica mais propensa à irritabilidade e agressividade.

É durante o sono que a criança (e o adulto também) organiza o que aprende quando está acordada, isso não é novidade. Mas por que é mais importante dormir durante a noite? Por ser mais estável e prolongado, o sono noturno permite que o cérebro trabalhe de maneira mais eficiente com as informações adquiridas durante o dia. "O período de sono é dividido em dois ciclos: não-REM e REM [que significa movimentos oculares rápidos em inglês]. O primeiro trabalha a memória mais antiga e a parte física, liberando hormônio de crescimento, por exemplo. Já segundo, trabalha a memória recente, ligada à novos aprendizados", explica Pradella.

Por isso, as sonecas diurnas trazem benefícios parciais, já que a criança não tem tempo de fazer o ciclo de sono completo – o que acontece mais de uma vez durante o sono da noite. Logo que nasce, o bebê demora aproximadamente uma hora para completá-lo, tempo que vai aumentando gradativamente, chegando a 90 minutos na adolescência. Como têm mais coisas a processar e o cérebro ainda está em pleno desenvolvimento, as crianças precisam dormir mais (em média, de 9 a 10 horas por dia). Para compensar, dormem também durante o dia.

A principal orientação dos especialistas é sempre privilegiar o sono noturno, complementando-o com períodos de sono diurno enquanto houver necessidade (geralmente até o 3º ou 4º ano de vida da criança). A rotina de sono, no entanto, começa a ser estabelecida entre 3 e 5 meses, momento em que os pais precisam introduzir horários e rituais ligados à hora de dormir. Vale lembrar ainda que ocupar o dia a dia do seu filho com atividades e brincadeiras durante o dia também contribui para que ele durma melhor.


Via: Revista Crescer
Por: Fernanda Carpegiani

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